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Sushi Kiyo traz história e criações apetitosas sem perder a linha tradicional japonesa


Postada em 13/04/2013 às 12:52
Por Glaucia Balbachan


Pioneiro no sushi e no temake em São Paulo!

 
Funcionando no bairro do Paraíso desde 97, a casa de gastronomia clássica japonesa – Sushi Kiyo fez história desde 1961, quando Kiyomi Watanabe começou como o primeiro sushi man no primeiro sushi bar em São Paulo. Pioneiro no sushi, Kiyomi abriu um restaurante em 1965 com seu irmão, trabalhando por um longo período, depois se desfez da sociedade e abriu seu próprio restaurante em 1981, sendo bastante criticado por mudar de bairro, dessa vez escolheu o Bexiga, na Rua Treze de Maio. Na verdade, sua vontade era de disponibilizar a cultura e gastronomia japonesa para os paulistanos de outras regiões e não ficar estagnado na Liberdade.
 
O inusitado niguiri de Lula
 
Agora na Rua Tutóia, a casa aconchegante de atmosfera intimista é discreta na decoração e é dividida em dois ambientes – a sala principal com o balcão tentador de sushis e um jardim natural envidraçado com luz natural, além do andar superior que acomoda os tatames para reuniões mais privativas. A palavra “Kiyo” vem de puro, sushi puro e também é o apelido do Chef de cozinha e sushi man Kiyomi Watanabe, o mais antigo chef e que continua em atividade. Hoje, quem toma a frente da gastronomia da casa é seu filho o chef Carlos Alberto Watanabe.
 
Niguiris de atum e lula - criações do chef Carlos Watanabe
 
 A proposta desde o início das atividades gastronômicas do Kiyo é de apresentar uma culinária tradicional japonesa sem invencionices, mantendo a cultura viva. No processo de criação no menu – a pesquisa é feita por meio de livros de culinária japonesa vinda do Japão e por internet. O chef Carlos Alberto conta que na cozinha tradicional japonesa não há couvert, primeiro prato ou segundo prato, como no costume ocidental, que na apresentação dos pratos japoneses são divididas em algumas categorias de preparo. “Primeiro os cozidos, depois saladas agridoces, frituras, grelhados, em seguida os crus, depois os cozidos ao vapor, as sopas e por fim os petiscos. Às vezes um único alimento passa por dos processos de cocção – esse passo a passo é feito aqui no Sushi Kiyo”, conta o chef Carlos Alberto Watanabe.
O público que costuma frequentar a casa de sushis é composta por paulistanos, gourmets, japoneses e norte americanos. Um dos pratos que refletem bem a alma da casa são os pratos coletivos, como o yosenabe (espécie de calderada de frutos do mar), que para o japonês simboliza o respeito de compartilhar o mesmo prato com outras pessoas.
 
O majestoso tempurá Moriawase
 
Como a filosofia do local busca sempre o tradicional, não há rodízios e nem pratos com cream cheese ou maionese, embora essas guarnições sejam trabalhadas atualmente no Japão. “Há 20anos atrás eu diria que colocar maionese no sushi seria um absurdo, mas hoje esses ingredientes estão sendo usados aqui e no oriente. A gastronomia está sempre se transformando e a influência americana é forte como nos Califórnia roll, Filadélfia make e Boston make. A versão do uramaki original é com pepino, abacate, pata de caranguejo enrolado no arroz pra fora e envolvidos em ova de caranguejo – nossa versão mais tropicalizada vai kanikama, pepino, às vezes abacate, às vezes manga e é envolvido por gergelim. Ainda sou contra cream cheese e maionese aqui, nossa linha é mais clássica”, comenta o chef do restaurante.
Engenheiro civil de formação e apaixonado pela gastronomia, Carlos Alberto gosta da idéia de inserir produtos brasileiros com a culinária oriental, com isso, teve destaque quando em eventos gastronômicos desenvolveu um escondidinho de mandioquinha com recheio de atum marinado, shoyo e wasabe ou mesmo um tempurá de siri mole.
 
O imponente Centolla do Sushi Kiyo
 
Articulado, o Chef Carlos nos últimos tempos vem participando de programas de TV, dá palestras de história da gastronomia japonesa e fez um jantar recentemente para o maestro André Rieu aqui em São Paulo. Envolvido com a gastronomia desde menino, ajudava seu pai no restaurante como forma de ficar perto de sua família e por diversão. Ainda como engenheiro ajudava seu pai, mas chegou uma hora que abraçou a gastronomia de vez. O objetivo da casa é continuar lutando em relação ao resgate do verdadeiro sentido da gastronomia japonesa na sua identidade. “A responsabilidade é de continuar o que o meu pai começou e inovar o cardápio da casa”, finaliza o Watanabe.
O menu da casa é enxuto e saboroso, mas alguns itens especiais e exóticos não estão no cardápio como o Centolla – caranguejo gigante da terra do fogo, vindo do Chile. Serve quatro pessoas e é guarnecido de molhos ponzu e deeping. Peça pelo majestoso tempurá moriawase (camarões e legumes), acompanha molho de caldo de peixe e alga marinha– R$68,00. Outra dica é se sentar no disputado balcão, onde é possível aproveitar das criações do chef Carlos Alberto - uma delas são os niguiris de atum e lula passados no maçarico. Além da apresentação impecável a textura da lula apresentou-se macia e saborosa.
Atmosfera do oriente, acolhida calorosa, comida com alma, personalidade e história. Vale a visita!
 
Serviço: Sushi Kiyo
End: Rua Tutóia, 223 - Paraíso/SP
Tel: (11) 3887-9148
www.sushi-kiyo.com.br
Fotos: Márcio Palermo – www.marciopalermo.com.br