Goles Velho Mundo

Encontro Mistral 2019 – O Retumbante evento de vinhos


Postada em 14/07/2019 às 23:57
Por Glaucia Balbachan


É apropriado dizer que a edição de número 9 do Encontro Mistral em São Paulo, teve grandioso êxito de organização, como de costume. O esperado evento com ingresso no valor de R$350,00 permitiu que apaixonados por vinho pudessem provar todos os 450 vinhos em exposição, apresentados na sua maioria pelos próprios donos ou enólogos.

Grandiosos, são rótulos que custam de US$30,00 até US$ 1.000 dólares. A oportunidade e experiência são únicas de aprender, ter contato direto com os produtores e ainda poder lapidar a sensibilidade.

No total, o evento trouxe vinícolas de 14 países apresentando 68 importantes produtores no cenário do mundo do vinho, que abrilhantaram a feira com seus rótulos. Nesta edição entrevistamos três produtores, que nos chamaram muito atenção se tornando a “cereja do bolo”, entre eles os países: Portugal, África do Sul e Brasil.
Falamos com o enólogo e proprietário da Quinta da Lagoalva de Cima – Diogo Campilho.

Site Empratado: O que faz os vinhos da Quinta da Lagoalva de Cima serem tão especiais?

Diogo Campilho: É o terroir único no Tejo. Cultivamos castas portuguesas e internacionais e um dos nossos objetivos é aproximar nossos vinhos aos brasileiros que não conhecem Portugal.

Site Empratado: Qual é a característica mais importante encontrada nos seus vinhos?

Diogo Campilho: Eles refletem as nossas experiências, as experiências da equipe que trabalha na vinícola. Mas nos vinhos há presente os aromas das castas e um vinho com complexidade na boca.

Site Empratado: O que é necessário para ser um bom enólogo?

Diogo Campilho: Bom humor. Bom humor é fundamental.

Provamos um dos vinhos e nos chamou atenção o Lagoalva Barrel Selection 2013. Trata-se de um blend elegante de Syrah e Touriga Nacional que resultou num vinho agradável ao paladar com presença de frutas vermelhas, taninos macios, frescor, equilíbrio e final com gosto de fruta na boca. Vale a investida. US$69,90.

O Sul da África teve grande destaque entre os países do novo mundo no evento. O bate-papo foi com o enólogo sul-africano Jacobus Johannes Gottfried Mocke da vinícola Boekenhoutskloof.

Site Empratado: Qual é a proposta da vinícola Boekenhoutskoof?

Gottfried Mocke: Temos uma fascinação pelos vinhos velhos da Europa. Embora, a variedade Pinotage seja a mais icônica do país, nós não a plantamos. Estamos cultivando Cabernet Sauvignon, Semillon, Sauvignon Blanc e Syrah em especial. Produzimos aquilo que acreditamos fazer melhor. Nossa proposta é trabalhar cuidadosamente para que tenhamos bons resultados engarrafados.

Site Empratado: Há quanto tempo trabalha na vinícola e você tem preocupações em trazer algo novo a cada colheita?

Gottfried Mocke: Estou na vinícola há 5 anos. A marca Boekenhoutskoof existe desde 1994 e essa marca representa o novo na África. A equipe é redonda e a energia agradavel. Sim, essa preocupação sempre nos norteia todos os anos, mas boa parte das novidades dos nossos vinhos vem do esforço, bom terroir e amor pelo que fazemos.

Site Empratado: Como eu reconheço um bom enólogo?

Gottfried Mocke: Muita paixão e maturidade para encarar as dificuldades naturais de uma vinícola.

Site Empratado: Acredita que vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos são o futuro do mundo do vinho?

Gottfried Mocke: Sim, sem duvida. Embora ainda não tenham certificação, o consumidor vem mostrando interesse por esse tipo de vinho e isso faz com que vinícolas repensem em tratar seus vinhedos de maneira mais sustentável sem produtos químicos ou veneno.

Altamente recomendáveis, a marca sul-africana impressionou na hora do tasting. O branco Sauvignon Blanc 2018 é completamente diferente de qualquer Sauvignon Blanc do novo mundo ou mesmo velho mundo. Vale a investida – US$26,90. Em se tratando de tinto, o Boekenhoutskoof Franschhoek Cabernet Sauvignon 2015 foi outro rótulo de uma variedade bastante conhecida entre os apreciadores de vinho, que nos trouxe comoção. Elaborado com 96% Cabernet Sauvignon e 4% Cabernet Franc, embora passe por barrica de carvalho francês, traz perfil fresco com frutas vermelhas, cassis e especiarias. Chama atenção pela acidez e taninos firmes em ótima textura. É longo e marcante com notas de grafite. Incrível. US$129,00.

E fechamos o bate-papo falando de vinho brasileiro. Vallontano, o único rótulo do Vale dos Vinhedos no portifolio da Mistral. Em conversa com o enólogo e proprietário Luis Henrique Zanini.

Site Empratado: Fale um pouco sobre a Vallontano.

L H Zanini: A Vallontano vai completar 20 anos este ano. Para o mundo do vinho é puco, mas para nós no Brasil é um bom começo, uma boa trajetória. Na verdade é mais que uma marca é uma filosofia de trabalho. Quando começamos em 1999, queríamos fazer vinhos autênticos que refletissem o solo e clima mais terroirista. A virada da Vallontano foi em 2007 quando seduzimos Ciro Lilla, onde colocou nossa marca em seu portfólio. Foi como um divisor de águas.

Site Empratado: Qual é a característica principal dos vinhos Vallontano?

L H Zanini: A característica mais importante nos nossos vinhos é o respeito em cada safra. Mas o frescor é uma característica natural, por conta do solo de basalto.

Site Empratado: Como eu identifico um bom enólogo?

L H Zanini: Eu vejo o lado mais humano do profissional. Para trabalhar com vinho além da experiência é preciso ter sensibilidade.

Vallontano é conhecida por seus espumantes frescos e equilibrados, mas demos a vez foi para o L H Zanini Tinto 2013. É um blend de Ancellotta, Tannat, Teroldego, Alicante Bouschet e Tempranillo. É elegante e equilibrado, onde frutos negros silvestres aparecem maduros com notas defumadas e especiarias. Na boca certa mineralidade, potencia, acidez e taninos caminham juntos harmoniosamente. Longo e persistente é adequado para esses dias mais frios. Vale conhecer este brasileiro. R$127,90.

E fechamos o evento impecável da Mistral com uma novidade espanhola, na verdade um achado. Os vinhos são da vinícola Ànima Negra/ Terra de Falanis. Enquanto provávamos os vinhos de lançamento fomos falando com o enólogo e proprietário Miguel Angel Cerdá.

São vinhas localizadas na ilha de Mallorca e na costa espanhola na região de Montsant, ao lado do Priorato / Terra de Falanis, onde a cultura catalã está fortemente presente. Fomos apresentados a dois tintos fáceis de beber e fáceis de gostar. Os rótulos são divertidos e seus nomes são onomatopeias que remetem aos sons de beijo e da chuva.

Plic plic plic – É o barulho da chuva e ao mesmo tempo trata-se de um blend de Carignan e Garnacha. Produtores Cult fizeram esse vinho despretensioso e gostoso de beber. Com passagem por carvalho francês e americano por 6 meses, o vinho modernoso é jovem, fresco, mediterrâneo com frutas vermelhas e especiarias. No paladar acidez e taninos equilibrados com fim de fruta vermelha na boca. Muito boa ideia. US$27,90.

Muac - É um vinho com estilo. Do rotulo que lembra um cartoon ao paladar de fruta fresca é descomplicado e fresco, pra ser apreciado a qualquer momento. Nos aromas delicadas notas de especiarias e leve nuance de menta. Madeira bem colocada equilibrando o final de boca. É um blend de Callet, Manto Negre e Cabernet Sauvignon. É elegante e redondo com taninos bem trabalhados. Final com a vontade de tomar mais uma taça. US$37,90.

Há outros rótulos como Bla bla bla e Serp que ainda não estão disponíveis, mas que são atraentes e saborosos na medida. Certamente da Espanha o mais disputado do Encontro Mistral.


Serviço: Encontro Mistral

Importadora de Vinhos

Rua Rocha, 288 – Bela Vista/SP

Tel: (11) 3372-3400

www.mistral.com.br

[email protected]

www.mistral.com.br/encontro

Fotos: Site Empratado