A Paraíba – Onde o bode é rei
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Praia de Cabo Branco/ João Pessoa |
Engana-se dizer que a gastronomia paraibana se resume a tapioca, água de coco e frutos do mar. A história e essência dos produtos regionais são atraentes aos olhos e boca. Com praias de águas claras a cidade de João Pessoa tem muito que mostrar - as estrelas da culinária ganham maior relevância na carne de bode, no abacaxi e na cachaça.
Porem há um leque de outros subprodutos apetitosos, que marcam forte presença na região e nas mesas paraibanas - pratos típicos como o rubacão, queijo coalho, o melado de cana, a carne seca, a carne de sol e o charque devidamente explicados e definidos pelo Chef Wanderson Medeiros - a macaxeira (mandioca), o baião de dois, os diferentes feijões em especial o verde, a nata, a manteiga de garrafa, o arroz da terra, farinhas, pimentas e por aí vai...
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Camarão seco e outros sabores da Feira de Campina Grande |
São produtos que fazem fusão harmônica de uma história que se preocupa em ser divulgada para os outros estados do país. As sobremesas são as mais tentadoras como as frutas: caju, cajá, mangaba, acerola, jaca entre muitas outras, mas as cocadas moles, compotas e a cartola (doce quente a base de banana, queijo manteiga, açúcar e canela), atraem todos os paladares.
É encantadora a inquietude da busca por uma identidade. E melhor ainda, depois de definida trabalhar duro e por tempo indeterminado elevando-a longe e rompendo as barreiras dos paladares país a fora.
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Um dois muitos produtos da feira de Campina Grande |
As características mais importantes de um local é a cultura gastronômica. Quando se chega a algum local diferente existe uma necessidade de saber o que se come naquele determinado local.
Ah... Paraíba, terra onde o abacaxi é símbolo de hospitalidade, principalmente se acompanhado de uma cachaça – as frutas fazem par perfeito com a bebida, que também é famosa por suas águas ardentes de qualidade.
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Casa religiosas |
Pelas areias das praias – a cerveja perde espaço para os caldinhos de caranguejo e sururu. Profissionais na área gastronômica seguem numa busca incessante da valorização das matérias-primas da região – é a pesquisa pelos sabores e saberes da terra para serem apresentados para o Brasil. Produtos do terroir do local como o caju e o queijo coalho, se transformam em fondue sertanejo - pelas mãos da encantadora professora de nutrição da UFBA e criadora do primeiro curso de
gastronomia do norte e nordeste - Linda Suzan.
As cachaças paraibanas são outro capítulo, que ganhou êxito com o tempo, a marca Tambaba – tropicalíssima do proprietário Antônio Chagas, manda sua cachaça para São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Recife entre outros locais do Brasil. A tradicional cachaça Volúpia existente desde 1946 é exemplo de tradição e estrutura, localizada na cidade de Campina Grande.
A Paraíba da mesa farta
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As famosas pimentas da Paraíba |
Considerada o “recheio” por estar entre Natal e Pernambuco, conhecemos a cidade de Campina Grande na Paraíba. Famosa por seus festejos de São João – fica numa de distância de 150km de João Pessoa. É a segunda cidade mais populosa do Estado com 385 mil habitantes. A estrada é boa com uma visão bucólica e calma na presença cabras, bodes e cactos compondo a paisagem.
Um local peculiar e cheio de histórias é a Feira livre de Campina Grande – feira aberta que se estima ter mais de um século. Se encontra de um tudo por lá. De artesanato e panelas de barros até variedade de ricas em alimentos. A feira foi ganhando proporções grandes ocupando quarteirões pela cidade. O funcionamento é diário - começa das três da manhã e termina no finalzinho do dia. A cultura é orgânica e familiar.
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Condimentos reginais em Campina Grande/PB |
No início e até hoje famílias trazem seus magaios com toda produção agrícola de seus sítios – é comum ainda ver os mangaieiros que desciam da zona rural por volta das três da manhã para estarem às 5h na feira livre. Tudo era trazido a lombo de burros. De artigos de barro a colheres de pau e peles de animal. Tudo é fresco e sem agrotóxicos. Frangos são abatidos na sua frente. Animais maiores como bodes e bois são abatidos horas antes como forma de produto fresco. Não há geladeiras ou freegers para conservação.

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Moinho do Engenho Volúpia |
Curioso é a variedade de farinhas e feijões. Tudo é vendido a granel em sacos. Raízes, pimentas, fumo de corda, carnes, peixes e camarões secos em abundância. Pura fartura da região. Uma personagem famosa na feira é a Dona Cheiro – com 70 anos e 20 filhos é uma das mais antigas da feira – que produz e vende quiabo e feijão verde.As sensações são inúmeras dentro da feira – cheiros, sons, pessoas transitando para cima e para baixo, poluição visual para uns e sustento e a melhor matéria-prima para quem lida com a culinária e gastronomia.
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Final de tarde em Campina Grande/Paraíba |
O gastrônomo da região e dono de restaurante João Barreto – ou mais conhecido como “Cumpade” – nos apresentou os encantos e as realidades do lugar. Grande conhecedor da feira nos deu mais uma aula de história da região do que informações sobre o local. Quanto aos paraibanos... São mais doces que mel, receptivos e carinhoso temperam bem esse prato saboroso chamado Paraíba.
Fotos: Márcio Palermo – www.marciopalermo.com.br