Postada em 31/03/2013 às 14:51
Por Glaucia Balbachan
Por Glaucia Balbachan, de Bento Gonçalves/RS
A Serra gaúcha é encantadora em qualquer período, mas no início do ano, o local costuma ser especial - ganha cor, sabor e perfume. As paisagens dos vinhedos são um espetáculo exuberante e aromático vindo dos cachos de chardonnay, pinot noir, merlot entre outras uvas plantadas. Todas essas características indicam que é época de colheita. As vinícolas estão satisfeitas com a qualidade das uvas para essa temporada e o maior objetivo agora é enaltecer o produto e aproximá-lo do brasileiro. Em visita técnica conhecemos algumas das principais vinícolas, seus vinhos, suas histórias de vida e de trabalho. A tecnologia e matéria-prima se unem com trabalho de qualidade para chegar dentro e fora do Brasil. Um dos primeiros passos foi a união entre o vinho e o carnaval paulista este ano representado pela escola de samba Vai-Vai, em fevereiro de 2013.

Fundada em 1979 pelo engenheiro agrônomo e enólogo Mario Geisse, o carismático chileno veio para o Brasil em 1976, onde foi contratado para trabalhar na Moet & Chandon do Brasil. Com o tempo viu que existia potencial na elaboração de bebidas de alta qualidade e escolheu Pinto Bandeira para iniciar seus trabalhos. Toda dedicação e trabalho trouxe respeito ao estilo autoral que o terroir pôde oferecer. Uma das vinícolas pioneiras em qualidade e tecnologia, o projeto da Geisse é dividido em: Cave Geisse Champenoise, Cave Amadeu e El Sueño. Uma das caves mais interessantes e encantadoras do Sul – vale a visita e a degustação das preciosas borbulhas dos espumantes Cave Geisse!
Para quem gosta de vinho, nada como degustar um (prosecco) do local, que ele é produzido. A sensação de estar entre cachos de uvas maduras no campo e provar um espumante fresco ao mesmo tempo trazem propriedade e confiança a quem busca por qualidade e sabor. Com uma equipe jovem e qualificada a vinícola Perini pretende evoluir para aumentar a produção de vinhos e espumantes, para isso, investiram no controle de qualidade apresentando o sistema de rastreabilidade desde o ano de 2010. Pioneira nesse processo que controla a matéria-prima da plantação até o produto ir para a garrafa. Com produção própria a Perini é dona de uma área que somada tem o total de 92 hectares de vinhedos.Vinhos e espumantes vêm de videiras em espaldeiras em “Y”, técnica desenvolvida para permitir, que o ar circule e que o sol fique em contato com o fruto, trazendo resultados de uvas grandes, com concentração de açúcar e matéria corante – características importantes para resultar vinhos e espumantes de qualidade. Foi um dos jantares mais calorosos e harmônicos.
A casa Venturini se expressa em vinhos de mesa na sua maior parte. Estão no mercado com os vinhos finos desde 2005, onde se estabeleceu parceria na fronteira trazendo de, lá uma matéria-prima diferenciada. As uvas produzidas são Tannat, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Merlot e Moscato. Os tanques para a produção de vinhos de mesa são maiores, comportam 100 mil litros de vinho, que são fermentados 85 toneladas por tanque. 85% da produção da Venturini são de vinhos de mesa e o restante dá atenção aos vinhos finos 15%. Depois de conhecida as instalações e acompanhar o passo-a-passo da produção do trabalho da vinícola, passamos por uma degustação de cinco Chardonnays de safras diferentes e outros cinco vinhos bastante premiados. Acompanhamos a evolução dos vinhos do mesmo vinhedo, só que em períodos diferentes, além da evolução em garrafa. Resultado: Surpresa no aroma, potencialização no sabor e equilíbrio no produto. O Sul do Brasil tem muito a mostrar em relação a produtos singulares com valor agregado.
Grande. A estrutura é de encher os olhos. É como se você estivesse numa cidade do vinho concentrada num único espaço. Tanto vista de cima, quanto de baixo os tanques inox mostram os milhões de litros de variedades de vinhos do popular aos vinhos top que a Salton trabalha. Para safra de 2012 foram 18 milhões de kilos de uvas com qualidade superlativa, aroma, grau de açúcar e sabores equilibrados. Em Santana do Livramento a Salton investiu R$45 milhões em 450 hectares de vinhedos próprios e 108 hectares de terra, com as variedades de uva Chardonnay e Pinot Noir. A escala de evolução de produção não para de crescer, consequentemente as de vendas também. Em relação ao enoturismo estão quase prontas as novas instalações e a perspectiva de visitantes somam mais de 100 mil pessoas. A sensação é de estar em um labirinto, onde quando se chega no destino final, o turista se depara com uma mesa redonda envolvida por anjos em todos os cantos e garrafas para uma degustação especial. Visita fechada com o jantar irreverente e apetitoso devidamente acompanhado de espumante e vinhos.
A proposta e a filosofia da Lídio Carraro é divulgar o conceito e o profissionalismo do vinho brasileiro do que era e principalmente do que é nos dias de hoje. Com oito anos no mercado a empresa é jovem e pensa grande. A vinícola Boutique está na sua quinta geração – vinda da região do Veneto/Itália. Desde o início lidaram com a viticultura, antes só produziam uva para outras vinícolas. Em 1998 iniciou-se os projetos, porém a primeira elaboração do produto só aconteceu em 2002 e foi para o mercado em 2004. Desde o início do projeto a família Carraro focou-se decisivamente na questão de conseguir vinhos num padrão maior com profissionalismo e apresentando a verdadeira expressão do terroir. A busca do melhor solo, do melhor clima e a mão do homem são os três pilares no conceito da Lidio Carraro, que vem fazendo sucesso com a proposta da empresa viticultora. Pesquisas apuradas são feitas para afunilar cada vez mais para o resultado de sucesso. Na Lidio é dona de vinhos bastante gastronômicos, intensos no aroma e frutados. A vinícola segue um conceito da linha purista – nesse trabalho a uva é a grande matéria-prima. Não há interferências ou ajustes. Há três anos que fazem vinificação espontânea (não usam a levedura). Isso só é possível quando a uva é perfeita. Eles não regulam o nível alcoólico, cada safra tem um teor diferente. Os vinhos tintos não são filtrados somente é feito decantação a frio. E por fim a questão da barrica, que é zero, a vinícola não usa nenhuma barrica, com isso a Lidio busca o diferencial mostrando ao consumidor que é possível fazer grandes vinhos sem o utilizar do carvalho. Os vinhos são autênticos com personalidade forte e estrutura.